quarta-feira, março 30, 2011

Retificando a carta: não há mais NOBEL na cidade...

LEI DE MURphY (?)


Porque eu estava tão enjoada em 23 de dezembro de 2001, 09:52

ONTEM DEMAIS PARA SER VERDADE: Tecendo uma tese sobre o estado de letargia crítica no ponto de vista e no comprometimento dos sujeitos sociais dentro de um padrão psicológico, o descomprometimento e não envolvimento destes sujeitos.

Durante bastante tempo e principalmente durante a construção da graduação expus algumas habilidades, e iNabilidades, específicas. Dentre estas habilidades, na área gráfica e do desenho, observadas por algumas produções provocavam a seguinte pergunta (“question”): “Porque eu não havia optado pelas áreas como Arquitetura ou Propaganda e Publicidade ?” (suponho, em análise, que nas representações das pessoas que me questionavam seria aí que eu alcançaria maior sucesso e habilidades. Não me lembro de terem me perguntado por que não ingressei nas Artes Plástica!? Será que é porque existe pouco incentivo financeiro nesta área? Ou minhas habilidades/inabilidade são insuficientemente “específicas?”). Passei a desenvolver a seguinte auto-análise e resposta a estas perguntas (que na verdade poderia vazar através/e de mim mesma):

· A Arquitetura conta com o “domínio mínimo” de muitos cálculos, precisão e medições e com muito afastamento do sujeito, enquanto se é absorvido o “domínio mínimo” das técnicas necessárias para tecer-se um sujeito suficientemente ético e profissional da Arquitetura, esta ainda quanto instrumento de intervenção está diametralmente afastada dos sujeitos...

· Quanto a área da Comunicação (Propaganda e Publicidade), tenho esta área de habilidade como um potente instrumento de afastamento da realidade (impulsionador das ilusões, não que isso não me interessa tanto, como por exemplo a área do cinema, mesmo que esta pareça mais representar a “indústria da ilusão” e da anestesia...), portanto com alto grau de envolvimento com “as mentiras” (os profissionais destas áreas que me desculpem, mas tenho um grau de envolvimento com outros desejos...mesmo assim ao que chamo de “ilusões e mentiras”, dou o braço a torcer que estou metendo minha critica baseada em minhas representações e parcas experiências. São devido as intenções que percebo como forma crua de VENDA [de imagens] que provoque ação objetivada no sujeito como exclusivamente, potencialmente e objetivamente CONSUMI-DOR, sujeito como objeto do aumento do consumo, às vezes barato demais; consumo barato e preço “à pagar” muito alto...).

Tenho, dentro das minhas suposições baratas e talvez falsas: a primeira área, Arquitetura, como “técnica demais” em relação ao sujeito e a outra, Comunicação, “objetivada demais” em relação a "ilusão vendável" do sujeito. Tanto nelas quanto na área em que decidi investigar minha possível intervenção, ação, e seja lá mais o que a componha e envolva... Procuro o afastamento da pura medição, comprovação e, até mesmo das “certezas absolutas”.

Um auge deste esquadrinhamento surgiu quando a Argentina entrou em “colapso e estado de sítio”. As confusões econômicas e a minha visão embaçada (cor-de-rosa, dentro da cortina de ferro das minhas representações autoprotetoras e autoreferidas) ruíram e entraram em verdadeira crise/choque com as manifestações de quem se mostrou bastante saturado (o povo Argentino e eu, eles definitivamente não estavam adormecidos nem prontos a aceitar de forma pacífica a banalização do mal). Dentro de minha visão seguramente verticalizada, puramente “senso comum”, “acreditava” na imagem vendida da Argentina rica (como a Europa dentro do terceiro mundo) que fingia desespero e reclamava de barriga cheia, enquanto isto ela realmente caia, e nas suas manifestações levava minha “medíocre inocência política” junto.

WALSH, Roger e VAUGHAN, Frances (org.). Caminhos Além do Ego – uma visão transpessoal. SP: Cultrix,1993.

p. 120 – “Tanto a psicologia budista quanto a teoria psicanalítica da relação com os objetos definem a essência do ego de modo semelhantes – como um processo de síntese e adaptação entre a vida interior e a realidade exterior (?), que produz um senso de continuidade e igualdade pessoal na experiência de ser um ”eu”.

p. 121 - “[...]O ‘eu’ é literalmente construído a partir de nossa experiência dos objetos. Aquilo que tomamos por nosso ‘eu’ e sentimos ser tão presente e real é na verdade uma imagem internalizada, uma representação composta, construída por uma ‘memória’ seletiva e imaginativa de encontros passados com o mundo objeto. Com efeito, o eu é visto como sendo construído de novo a cada momento.

(...)a meditação perceptiva, como a psicanálise, é uma técnica de ‘descobrimento’, embora evidentemente o que está sendo descoberto seja diferente. As pessoas que apresentam relações parte-objeto maldiferenciadas e mal-integradas não conseguem TOLERAR as técnicas de descobrimento. O descobrimento e a interpretação não podem ser bem-sucedidos porque, com uma diferenciação falha entre o eu e os objetos, o ego observador não consegue se distanciar do que observa.”

segunda-feira, março 28, 2011

O que escrevo se deve a Admiração à ...


PARA POR A CONVERSA EM DIA

Torres, 23 de julho de 2008 (2:46 no meu PC)

Depois de desentulhar seis meses (1 semestre) de bagunça e livros espalhados pelo quarto, re-encontrei tua carta, vou rele-la como a tivesse recebido ontem e prometo em breve enviar alguma “RESPOSTAs”.

Já houve mais uma confraria, em Capão, na casa da Morgana (conheci a Sofia: “sô fia de Morgana”, como diz a Bê...). A Maíra despedia-se indo para a Austrália e o Rafa não bebeu. A Elisandra vai se formar, com a Morgana e a Gabriela (Gabi).

Te lerei, e em breve te escreverei...

(0UTR0 DIA...) Mas eis que vou caminhando pela cidade atrás do Homem que caminhava (meu pai! ... vamos ao banco... tomar um café... a Livraria [tem uma Nobel – Chic!- em Torrica... compro livros que recomendo: “Graça e Coragem” de Ken Wilber, seu casamento com uma psicóloga... Quem é ele? Pergunta difícil de responder, ele é maior que as respostas...).

O que posso te dizer, e que não justifica meus atrasos, é que fui ajudar no projeto de fotos do pai, passar e-mail para ele e não deu tempo de gravar este arquivo e manda-lo [imagine quando conseguirei “te ler” e te “escrever”, ou melhor NEM IMAGINE... mil perdões!!! MIL PERDÕES PELA MINHA FALTA DE JUSTIFICATIVA]...

Muitas pessoas a quem falo (bem) de ti te enviaram beijos, mas não me lembro de todas/todos... A AdriKessler, a Siloé, Morgana, Maíra, etc...

Sigo para outros dias...

Terminei de ler o seguinte livro (02Agosto2008):

GRAÇA E CORAGEM: Espiritualidade e cura na vida e morte de Treya Killam Wiber – Ken Wiber. Tradução de Ary Raymsford. São Paulo: Gaia, 2007.

p. 229. (30 parágrafo) “A única forma de descobrir como ajudar uma pessoa era ouvir o que tinha a dizer. Só quando escutasse o que estava tentando expressar, conseguiria sentir do que ela precisava, os problemas que enfrentava, o tipo de ajuda que realmente ajudaria naquele momento específico. Uma vez que as pessoas passam por muitas fases diferentes durante o curso de uma moléstia persistente e imprevisível como o câncer, aprender a ouvir suas necessidades é de vital importância.”

No capítulo: QUE TIPO DE AJUDA REALMENTE AJUDA? (p.228)

Tenho resistido em reler tuas cartas... e o novo e último semestre está para começar...

Mas tentarei digitar uma das muitas coisas que já te “escrevi” mentalmente (a tal metáfora que tu usaste: as várias gavetas mentais em que perdemos nossos diálogos...).

Seguinte parceria,

  • Nome para uma clínica: “Cem Clientes IMpacientes à aCORdar...”. Talvez fosse necessário alguém com especialização em Psicodrama...

Plano para esperar o CRP, para até março de 2009:

  • “Rumar” ao “MathuPitcho” (“mato pichu”, grosso, Gerais...) indo de carona ou parando em lugares no meio do caminho (fazer o roteiro...). Inconvenientes, da minha parte, o uso de insulina e medição de glicose e dinheiro$...

Filmes que recomendo:

  • BlueBerry (desejo de vingança – Faroeste místico, Frances...);
  • Apocalypto (Mel Gibson);
  • As 5 pessoas que vc encontra no céu;
  • Mais estranho que a Ficção;
  • A última noite
  • Bejamim Burton
  • Quem quer ser Milho nário
  • Etc...

Estrela, Estrela... Estética do Frio


TORRENTeVitor Ramil

Maio de 1941. Junto à janela do quarto, aberto à luminosidade da esquina e à movimentação discreta da companhia de seguros no andar térreo, escrevo. Porto Alegre está no branco da página; o texto flui, caudaloso, nas águas do Guaíba. Palavras da superfície, querendo ser densas, vão ao fundo; palavras das profundezas, querendo leveza, sobem à procura do sol. Revoltas e misturadas desde a foz, ganham pelos caminhos a aparência de palavra única, primordial, ao mesmo tempo em que conferem à própria ilegibilidade um fluxo sempre renovado de sentido. A cidade, em sua brancura cartesiana, as espreita. Há tensão ao longo da margem, onde, de alto a baixo, as palavras perdem o sentido. É da natureza do Guaíba querer avançar em busca desse sentido, mas é da natureza da cidade tentar preservar-se em sua solidez silenciosa. Os funcionários da companhia de seguros alteram sua rotina, fechando as portas antes do fim do expediente e indo imediatamente para casa. Todas as outras portas da rua são igualmente fechadas. A apenas duas quadras do leito maior, meu carro é o único ainda estacionado no meio-fio. Mas não pretendo guardá-lo. Nem tenho mais tempo para isso. A margem já cedeu. As palavras se expandem rapidamente, transformando fragmentos de pesadas e confusas reflexões em longos e não pontuados períodos da mais arrebatadora poesia. E as ruas logo se enchem de sentido. Entreabro a janela para escutar o som delicioso da água batendo contra as paredes do prédio. Porto Alegre está no texto. Seus porões ganham vida e se põem a nadar como seres sombrios do grande lago em que parte dela se transformou. Os porões adquirem voz. Os porões se comunicam. O quanto de Porto Alegre é dito por eles? O que é dito irá se entranhar nas paredes, subirá aos pisos mais elevados, poderá encharcar a cidade alta até transformá-la em uma única palavra? O mais provável é que, ao baixar, o Guaíba leve junto a voz da cidade que veio à tona; que a face romântica da arquitetura de Porto Alegre desapareça junto com seu reflexo na água; que os moradores selem seus porões e relembrem estes dias como os de uma tragédia; que o branco da página seja restabelecido e mantido com a construção de um muro de contenção. Seja como for, permanecerei aqui, a duas quadras do leito maior, escrevendo (as palavras se infiltraram onde vivo, se depositaram no que sou). Meu carro terá sido arrastado ou vendido como sucata. Mas sua capota preta continuará visível lá fora, boiando, a pontuar suavemente a torrente do que eu vier a escrever.

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Publicado no Caderno Cultura de Zero Hora.

domingo, março 27, 2011

árvore da quartA FEIRA





O Gato Amarildo e o rato Rodolfo!

Estágio


SOBRE a CULTURA... (1º DE AGOSTO DE 2006)





“Raramente, de fato, uma não ocorrência ou uma ocorrência de significado igual a zero conseguiu excitar uma tamanha confusão e controvérsia na confraria dos árbitros do gôsto.

A verdade é que houve uma mudança histórica no lugar ocupado pelas artes na vida...”

(Alvin Tofler, “O Povo e a Cultura”, p. 14/15, 1965, o livro é antigo, mas as idéias são muito interessantes...)

“Donde onde vieram todas estas pessoas que (até recentemente) pareciam indiferentes às artes? Que desejam elas? O que as motiva? Somente com a resposta a essas perguntas poder-se-á analisar inteligentemente a influência do consumidor de cultura sobre a própria arte...

As idéias e perguntas trazidas pelo livro podem nos levar a maiores problematizações sobre as questões culturais deste município e a recente “intervenção” do “I (primeiro) Pensar Torres”, que não é a primeira manifestação sobre a demanda cultural, mas vem trazer uma medida que já deverias estar fazendo aniversário: UM CONSELHO DE CULTURA!

Parece-me que a demanda por arte em TORRES, limita-se aos criadores, que não são poucos, nem são inexpressivos ou ruins, mas que não obtém respostas expressivas de algum público “consumidor” de artes, nem organização suficiente para formar algum tipo de UNIÃO. Diz-se do artista que “deve ir aonde o povo está...”. Todas as discussões de que participei, e ouvi comentários parecem carecer deste “povo”, e as vez me pego pensando que não é o povo quem está “faltando”, mas um “chamado” ou um “incentivo” às expressões de “DESEJOS”. Onde estão escondidos os “Desejos” desta gente?

Dizem que nada pode acontecer sem desejo, dizem também (eu já ouvi) que O DESEJO possui incríveis habilidades de esconder-se... Talvez estejam formando-se “caçadores, arqueólogos, pesquisadores e buscadores” de desejos e, mais ainda, desejos pelo cultural.

Mas reavivo aquilo que mais transcende está cidade: um lugar sem passado não pode mostrar habilidades nem com o futuro, muito menos com o PRESENTE. Ressalto que há necessidade de ESTUDAR PROFUNDAMENTE, não em uma única fonte, a HISTÓRIA e as ESTÓRIAS desta cidade. Ouvidos e olhos atentos poderão, ao menos COMEÇAR a desconfiar o que há por trás de tanto embaraço e “lacunas”, e talvez, somente TALVEZ começar a desconfiar, também, que não podemos mais gastar nossas esperanças e escassas forças somente em “mais um movimento sem FUTURO...”

“Ora, se o genealogista tem o cuidado de ESCUTAR a história, em vez de acreditar na metafísica, o que ele aprende?

Que atrás das coisas há ‘ALGO INTEIRAMENTE DIFERENTE’: não seu segredo essencial e sem data, (...). E a liberdade, seria ela na raiz do homem o que o liga ao ser e à verdade? (...)

O que se encontra no começo histórico das coisas não é a identidade ainda preservada da origem – é a DISCÓRDIA entre as coisas, é o DISPARATE.“

“(...) eu agia como um boto que salta na superfície da água só deixando um vestígio provisório de espuma e que deixa que acreditem, faz acreditar, quer acreditar ou ACREDITA efetivamente QUE LÁ EMBAIXO, onde não é percebido ou controlado por ninguém, segue uma trajetória profunda, coerente e refletida”.

(Foucault/Nietzsche apud Machado, “A Microfísica do Poder”, p.17 e p.168)

Ãngela, anjapsi@hotmail.com

CoisinhaS




Sinto saudades da minha melhor fotógrafa


quinta-feira, março 24, 2011

Sai com sol, mas...


Sai com sol, mas já tomei mais de um banho de chuva... estou longe de meus livrinhos. Escrevo isto ao invés de lê-los... sai da ponta mais ao sul da cidade, atravessei, atravessamos a ponte e almoçamos em outro estado... choveu... depois do almoço, jogamos "pedinhas" no rio e voltamos ao estado... esticamos as pernas e a chuva nos pegou. Puxa! Sem guarda-Chuvas, a chuva escorre... e há de nos guardar!

(a foto é referente a outras histórias...)

segunda-feira, março 14, 2011

Kafka: Josefine e Colônia Penal


Depois de ler: Josefine, a Cantora em que Kafka diz algo como: "Se as pequenas coisas já lhe prestam tamanho serviço, quanto mais as grandes. Nossa vida é muito intranqüila, cada dia traz consigo surpresas, inquietações, esperanças e medos, de modo que ninguém, sozinho, seria capaz de suportar tudo isso se não tivesse, dia e noite, o apoio dos companheiros; e assim é muitas vezes difícil; há casos em que milhares de ombros estremecem sob o fardo que, na verdade, foi destinado a um só..." (pela tradução que leio) cheguei à "Colônia Penal"

quarta-feira, março 09, 2011

Jung, verdades do início do dia...




Não podemos viver as tardes de acordo com o programa das manhãs; por que o que era verdade de manhã se tornará uma mentira à noite.

C.G. Jung