domingo, março 27, 2011

SOBRE a CULTURA... (1º DE AGOSTO DE 2006)





“Raramente, de fato, uma não ocorrência ou uma ocorrência de significado igual a zero conseguiu excitar uma tamanha confusão e controvérsia na confraria dos árbitros do gôsto.

A verdade é que houve uma mudança histórica no lugar ocupado pelas artes na vida...”

(Alvin Tofler, “O Povo e a Cultura”, p. 14/15, 1965, o livro é antigo, mas as idéias são muito interessantes...)

“Donde onde vieram todas estas pessoas que (até recentemente) pareciam indiferentes às artes? Que desejam elas? O que as motiva? Somente com a resposta a essas perguntas poder-se-á analisar inteligentemente a influência do consumidor de cultura sobre a própria arte...

As idéias e perguntas trazidas pelo livro podem nos levar a maiores problematizações sobre as questões culturais deste município e a recente “intervenção” do “I (primeiro) Pensar Torres”, que não é a primeira manifestação sobre a demanda cultural, mas vem trazer uma medida que já deverias estar fazendo aniversário: UM CONSELHO DE CULTURA!

Parece-me que a demanda por arte em TORRES, limita-se aos criadores, que não são poucos, nem são inexpressivos ou ruins, mas que não obtém respostas expressivas de algum público “consumidor” de artes, nem organização suficiente para formar algum tipo de UNIÃO. Diz-se do artista que “deve ir aonde o povo está...”. Todas as discussões de que participei, e ouvi comentários parecem carecer deste “povo”, e as vez me pego pensando que não é o povo quem está “faltando”, mas um “chamado” ou um “incentivo” às expressões de “DESEJOS”. Onde estão escondidos os “Desejos” desta gente?

Dizem que nada pode acontecer sem desejo, dizem também (eu já ouvi) que O DESEJO possui incríveis habilidades de esconder-se... Talvez estejam formando-se “caçadores, arqueólogos, pesquisadores e buscadores” de desejos e, mais ainda, desejos pelo cultural.

Mas reavivo aquilo que mais transcende está cidade: um lugar sem passado não pode mostrar habilidades nem com o futuro, muito menos com o PRESENTE. Ressalto que há necessidade de ESTUDAR PROFUNDAMENTE, não em uma única fonte, a HISTÓRIA e as ESTÓRIAS desta cidade. Ouvidos e olhos atentos poderão, ao menos COMEÇAR a desconfiar o que há por trás de tanto embaraço e “lacunas”, e talvez, somente TALVEZ começar a desconfiar, também, que não podemos mais gastar nossas esperanças e escassas forças somente em “mais um movimento sem FUTURO...”

“Ora, se o genealogista tem o cuidado de ESCUTAR a história, em vez de acreditar na metafísica, o que ele aprende?

Que atrás das coisas há ‘ALGO INTEIRAMENTE DIFERENTE’: não seu segredo essencial e sem data, (...). E a liberdade, seria ela na raiz do homem o que o liga ao ser e à verdade? (...)

O que se encontra no começo histórico das coisas não é a identidade ainda preservada da origem – é a DISCÓRDIA entre as coisas, é o DISPARATE.“

“(...) eu agia como um boto que salta na superfície da água só deixando um vestígio provisório de espuma e que deixa que acreditem, faz acreditar, quer acreditar ou ACREDITA efetivamente QUE LÁ EMBAIXO, onde não é percebido ou controlado por ninguém, segue uma trajetória profunda, coerente e refletida”.

(Foucault/Nietzsche apud Machado, “A Microfísica do Poder”, p.17 e p.168)

Ãngela, anjapsi@hotmail.com

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