sábado, março 03, 2012

OUTRAS VISÕES, OUTROS OLHARES

AS VÁRIAS MORTES DE KEVIN CARTER
Vi o Filme e corri para tentar entender, saber mais e escrever sobre a experiência. Postei um link para agregar as minhas pesquisas iniciais.
NO CAMINHO encontrei um amigo do CineClube e ele (F.) me diz: imagina essa guria, a sua filha, que colocação dela... arrepiante:

[colocação:] “A filha de Carter, Megan, tem uma visão muito dife­rente da foto­gra­fia pre­mi­ada: 'Eu vejo a cri­ança em sofri­mento como o meu pai. E o resto do mundo é o abu­tre.'
A Foto se torna um FATO... Ao menos neste caso e na maioria das vezes... Neste caso um FATO muito difícil de digerir, elaborar e situar. O fato incide e insiste que não podemos condenar ou julgar quem traz o FATO, ou a FOTO, mas PODEMOS nos dirigir a pergunta que nos é lançada.
QUAL pergunta que a fato/foto faz e traz: quem é o responsável por este estado de coisas?! Ou quem o são, sendo mais de um os responsáveis!?
Quem vai levantar e mudar? Quem deve responder, de FATO?!
Quem, por exemplo, vai dizer aquela enfermeira [de outro fato divulgado] que não é legal fazer o que ela fez (nem com o pequeno cão que é SEU)? Quando ESTE FATO tomou nosso café da manhã lembrei INSTANTANEAMENTE do amigo Kafka e do livro O Processo. O caso da enfermeira e seu pequeno cãoZinho (QUE NA VERDADE NÃO É SUA PROPRIEDADE, ele TEM VIDA!) é, no mínimo, Kafkaniano!
Uma nova “Massa Crítica” tomou voz nos sites de ralacionamentos e com as ferramentas virtuais que repercutiu a pergunta àquele olho humano que nada pôde fazer até nossos olhos (os olhos humanos da criança, do filho da enfermeira, olhos atrás da lente que filmou e por fim, os nossos, o meu e o seus olhos).

Eu: sim, imagino... Culpá-lo por não ter feito "nada", ele disparou o famoso click... na sua e na nossa direção! Fez o que o mortal, humano mortal (não há como separar tão bem estas percepções), faria sozinho com as três armas que tinha a suas mãos:
a câmera fotográfica,
a fome
e os cigarros.
Diante daquela FOME! A GRANDE FOME acompanhante de outras muitas crianças e pessoas daquele SUDÂO (1994?!).
A Filha de Kevin ficou sem o pai. Desestruturado, por suas compulsões que aliviavam suas dores do trabalho de fotografar a miséria humana e suas dores, pessoais, impessoais, universais e individuais, sociais e culturais!
É necessária muita coragem, força e estruturas para operar a máquina fotográfica, que funciona como um GRANDE olhar humano, um obturador da DORRRRRR.
Não era apenas uma PEQUENA E POBRE criança e um abutre. Existem todas as grandes comunidades por trás; Meg, a filha de Kevin Carter; todas as outras crianças que nos olham. Tudo Aquilo que ficava fora da famosa foto...
O que Kevin Carter fez foi virar a arma que possuía na sua direção: a direção dele mesmo, da nossa humanidade e das outras comunidades.
Todos sendo forçados a olharem para aquela FOME mais de perto.
Tipo, lançando a foto/pergunta como foto/fato questionadora, provocadora e inquietante (desassossegadora):
- E aí? O que (nós) vamos fazer?! Um grito...

Ele (F.): Pois é, mas fica bem aquele preconceito dos babacas - uma gotinha no oceano faz a diferença - que não conseguem enxergar exatamente o que ele queria mostrar, justamente o contrário, ele deveria ter salvo uma vida ao invés de mostrar a todos que era necessário uma intervenção fatal, pareceu que ele pensou só na questão profissional (pode fazer só o contrário...não enxergou-se sua dor, suas tribulações e toda a rede complexa de ser um Ente Humano, pai, fotografo da miséria e da dor, das balas e das guerras...)



Depois desta conversa o que quero é fazer uma nota e postar no blog. Afinal, foi isto que me trouxe até nossa conversa/diálogo. Uso trechos destas idéias, conversas e os sites que pesquisei, misturo TUDO e elaboro uma nota no faceboock, no blog e depois posto pra ti.
O bilhete que escre­veu antes de mor­rer: 'Estou depri­mido, sem tele­fone, sem dinheiro para pagar a renda, sem dinheiro para aju­dar ao sus­tento da minha cri­ança, sem dinheiro para pagar as dívi­das, sem dinheiro! Sou assom­brado pelas vívi­das memó­rias de mor­tes e cadá­va­res e raiva e dor, de cri­an­ças feri­das e esfo­me­a­das, de lou­cos que assas­si­nam ale­gre­mente, alguns deles polí­cias (…). A dor de viver ultra­passa a ale­gria ao ponto em que esta deixa de exis­tir.'E depois, recor­dando o amigo fale­cido: «Vou par­tir para me jun­tar ao Ken — se eu tiver essa sorte.»
A filha de Carter, Megan, tem uma visão muito dife­rente da foto­gra­fia pre­mi­ada: 'Eu vejo a cri­ança em sofri­mento como o meu pai. E o resto do mundo é o abu­tre.'

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