domingo, maio 09, 2010

O que somos?

Somos Inclassificáveis[1]
As perguntas que nos faz Reis (2000) merecem respostas bem profundas:
Seria possível produzir um discurso sobre o Brasil desapaixonado, científico, verdadeiro? Dificilmente. É por isso que todas as representações do Brasil são relevantes, pois, juntas, revelam uma idéia do Brasil complexa, poliédrica, uma idéia composta de idéias, de projetos, um polígono de múltiplas faces ao mesmo tempo opostas e interligadas em uma mesma figura (. . .) O problema que se propõe ao debate é: como se deu a formação do Brasil-Nação? Não há resposta única, fechada, sistemática para esta questão.
O autor, sem fechar as possíveis respostas, refere que “dependem do sujeito histórico” que tome a palavra e, se é ou não brasileiro, pois são inúmeras as perspectivas, quantas são as combinações possíveis de cores. Pensar no Brasil não dispensa múltiplos modos de pensamentos, de pensar e perguntar:
Quem são os "heróis" da história brasileira? Quais são os grandes eventos, as datas mais fortes? Em que direção o Brasil se encaminha? Que juízo de valor elaborar sobre as experiências brasileiras? A resposta revelará a identidade social e histórica de quem toma a palavra. (. . .) todas sustentáveis por uma argumentação coerente e reconhecível. Existem versões do Brasil de origem senhorial, burguesa, proletária, classe média, camponesa, sem-terra, paulista, mineira, nordestina, sulista, negra, indígena, feminina, imigrante, migrante, caipira, urbana, suburbana, litorânea, sertaneja, oficial, marginal, militar, civil, etc... A maioria delas ainda não formulada, silenciosa. (. . .) discursos e representações usam a história dita científica para legitimar seus interesses e paixões. Imaginário, mitologia e reabertura de arquivos se confundem (Reis, 2000).
Ao acentuarmos a relevância da memória e da cultura para formação poliédrica de identidade(s) brasileira(s) estaremos refletindo sobre o sentimento de cidadania adormecido e esquecido nos sujeitos construtores da história, as suas e do país, pelo desconhecimento, descontentamento e a desvalorização de suas raízes.
O foco maior é a identidade, mas eis que ela invoca, categoricamente, toda a sua família: memória, subjetividade, política, etc., parentes próximos dentro da cultura, ou das culturas, brasileiras, sendo redesenhadas e provocadas cada vez que uma é chamada à manifestação.
Os múltiplos significados que compõem uma nação multifacetada e futurista incentivam a idéia de que o berço esplêndido não é embalado para fazer dormir, mas é sacudido pelas bases até que acordem os gigantes.
Nos movimentos como os do modernismo[2], referido ao país, e na dinâmica globalizante de “características prigoginianas” (Tofler, 1994, p.289-290[3]) que os sistemas mundiais vêm assumindo nas mais diversas sociedades não há país ou nação alguma que possa ficar “impávido colosso” [4].
Esta nação foi sendo constituída de forma substancial e indelével sob(re) marcas psico-sócio-históricas e étnicas, de aventura, pioneirismo e pluralismos. Referimo-nos, também, aos econômicos, políticos, raciais e culturais e toda a violência e ambivalência que isto carrega.
A imagem é, quase sempre, de um país receptivo ao que é estranho e estrangeiro. Submissão sempre reeditada a uma nova forma de colonialismo, como na imposta pela globalização e, simultaneamente, como um reflexo de um país que se reconhece multicultural e é reconhecido como facilmente adaptável e aberto ao mundo e ao novo.
O Brasil, de várias diferentes tribos de índios, colonizadores de todas as partes do mundo, colonizados, brancos, mestiços, negros de variadas nações; livres, escravos, colonos, imigrantes, emigrantes, americanos, europeus, orientais, ocidentais, etc. Mestiçagem e miscigenações construídas sobre a confluência e absorção pacífica de múltiplas diferenças. Lugar onde e quando, plantando “tudo dá”, abertura, também ao malandro, ao ladrão, ao aproveitador, ao menino/menina de rua, ao politiqueiro, capitalista, individualista, empresários do crime organizado, perversos e neuróticos de colarinhos brancos ou azuis, etc.
As gigantescas características de belezas e diferenças não encobrem os grandes, graves e complexos problemas e muitas camadas de substâncias ficam demasiadamente ocultadas, mesmo ao mais brasileiro dos brasileiros, quiçá para estrangeiros que não adentram além de suas praias neste reino de vasto sertão (Ser tão: veredas...[5]). Verdades de multiplicidade, biodiversidades sociais, culturais e psicológicas onde o referencial fica ampliado no conceito de identidade brasileira “colonizada”.
Fonseca descreve uma história do pensamento ocidental moderno comprometida com a continuidade e renovação do projeto iluminista através do empirismo lógico, Positivista. Processo em que confundiu a concepção a respeito da natureza por meio da confiança epistemológica do mecanismo que a torna “passiva, eterna e reversível” [6], através da lógica e método de dominar e controlar, onde o conhecer significa quantificar através da “matematização do universo”, da natureza e da realidade (1998, p.41).
A crise se instala onde o ideal de um saber universalizante iluminista e eurocentrista encerrariam a falsa imagem de possibilidade de uma identidade nucleada: “uma comunidade formada por seres iguais e dotados de instrumentos capazes de garantir entre eles, o consenso” (Fonseca, 1998, p.40). Tal crise se instala a partir das evidências do desgaste do reducionismo letal nas marcas de um “modelo global e totalitário”, ao quê acrescentaríamos antiético e desumano: “(. . .) na medida que nega o caráter racional a todas as formas de conhecimento que não se pautarem pelos princípios epistemológicos e pelas regras metodológicas” (Santos, citado por Fonseca, 1998, p.40).
À redução do mundo, dos sujeitos e dos objetos numa fórmula universal da cultura científica – do mercado global – cientificante e ocidental europeizada, não são poupadas críticas ao método em seu poder de padronizar – convivência idealizada e adaptativa.
A falta de um rigor na revisão epistemológica aplicada à Ciência só ajudaria a reduzir as possibilidades do mundo, de seus sujeitos, objetos e seus projetos, mas não podem esconder, nem impor o completo esquecimento destas táticas aplicadas arbitrária e compulsoriamente à revelia dos sujeitos do Estado de Direito e seus poderes emancipatórios. São discursos de verdades que beneficiam somente os beneficiáveis: elites eleitas, contínuas, unas e indefinidamente no poder, contando com exclusividade nos consensos destes discursos de verdades.
Não que o conhecimento deva evitar o precioso conceito de consenso entre os iguais, mas estes iguais serão sempre quem? Os mesmos? Poderíamos imaginar um reciclador de lixo, um sem-teto, uma mãe solteira, um ex-drogado, etc. dentre estes iguais? Algum pobre? Um idoso ou um doente? Algum excluído seria contado em sua (não) identidade? Ou estes expatriados serão contados sempre entre identidades de sub-classes? E, portanto, não quantificáveis ou confiáveis: não humanos e totalmente, sempre, excluídos.
Uma sociedade que desconhece seu potencial e não acredita ser capaz de prosperar, subsiste em uma realidade que não é sua, agrega elementos culturais que não tem, ou não precisam mais ter ligação com sua substância e não permite que o sentimento de cidadania desperte nas ações novas forma de ser e de se fazer ser.
Os discursos (nacionais) ficam dispensados de valor e relegados ao mundo subdesenvolvido de “sub-classes” (Bauman, 2005, p.46), deslocam, substituem, condenam e condensam imagens fantasiadas e falsificadas sobre a Nação, seus sujeitos e os seus fragmentos.
Encontramos nas nossas raízes, fora também, as causas para este estado de alienação típica da violência dos explorados e desrespeitados, ética e culturalmente. Está no surgimento do conhecimento da Ciência o estatuto de garantir algo pra alguém que pertence, definindo e identificando os pertencedores, excluindo outros saberes. Alguns poucos que possuem o privilégio de serem iguais, aumentando as desigualdades, as diferenças e promovendo farsas e identidades controláveis.
Dentro dos Estudos Culturais a identidade é um fenômeno construtivo, não definido a priori, e sem a qual não se concebem os sujeitos e muito menos suas nações:
A visão de cultura, bem como das identidades e subjetividades aqui discutidas, mesmo entendendo-a como um campo de conflitos e lutas, afasta-se da proposição de uma avaliação epistemológica de falso e verdadeiro, enfatizando uma luta em torno da imposição, da construção de significados. (. . .)não objetivamos buscar uma Verdade, mas sim problematizar constructos, como por exemplo, muito tempo ocupou-se a Psicologia do conceito de identidade como essência, como estabilidade eternamente idêntica a si mesma e fundamental para um processo de evolução do sujeito (. . .)vários autores tratam da identidade como um requisito fundamental para uma saúde mental adequada, necessária, etc. (Bernardes & Hoenisch, 2003, p.123 e p. 96).
Os autores vão dizer que não se trata de uma pura “concepção de sujeito e subjetividade passível” de simples “decodificação” a partir de signos ou significados pré-determinados, fazendo valer um jogo aberto de processualidade e constituição de modos de ser, ver e operar no mundo (Bernardes & Hoenisch, 2003, p. 106).
Escosteguy define os Estudos Culturais como sendo um “(. . .) campo de estudos onde diversas disciplinas se interseccionam no estudo de aspectos culturais da sociedade contemporânea (. . .)” (2003, p.66). Tratando-se, em outra definição, de um campo de estudos que não pretende ter rígido e fixo, uma disciplina, propondo-se “abrir as questões ao invés de fechá-las” (Guareschi; Medeiros & Bruschi, 2003, p.23).


[1]  Em referências à música de Arnaldo Antunes, álbum Silêncio, BMG, 1996. 
[2] Semana da arte e a “antropofagia”, “pós”, “hiper”, etc.
[3] Ilya Prigogine, prêmio Nobel de Química, pelas “estruturas dissipadas”, conforme o autor, que pontua sobre os sistemas vivos abertos e em permanente troca de energia.
[4] Referência ao hino nacional Brasileiro.
[5] Referência a obra de Guimarães Rosa (2001).
[6] No sentido de inesgotável. Na ilusão de ser um movimento que controlamos e onde será eternamente possível contar com a regeneração desta “natureza” (Fonseca, 1998).

Considerações e bibliografia...

Considerações Finais
Diversamente das primeiras definições, anteriores aos efeitos do descentramento do sujeito produzidos a partir da pós-modernidade ou “modernidade tardia” (Hall 2001), nós podemos conceber a identidade a partir do que se é, um consenso social (Bauman, 2005) até o que se pode ser num devir: “compossível” (Fonseca, 1998).
Dentro destes termos, a proposta é uma nova significação onde o passado se torna um presente disponível e o tempo torna-se uma rede de multiplicidades compondo oportunidades renovadas para ler e escrever outras histórias na grande cartilha dos tempos múltiplos, futuros simultâneos e “compossíveis” (Fonseca, 1998, p.39).
Ou ainda, conforme Reis (2000), a “identidade histórica” é construída em cada presente: uma relação de recepção e recusa de passados, de abertura e fechamento aos futuros.
Através da colocação do caráter ficcional de uma cultura, registra-se a primazia do significante que inaugura a incerteza e a instabilidade como grandes contribuições para as ciências e outros campos do conhecimento. A exemplo do que ocorreu com a radicalização da linguagem e a sua redefinição constituída pelos movimentos migratórios, que produziu constantemente novos sentidos, novas performances, novos significados culturais.
Na questão: nascimento do Brasil, construção do Estado-Nação e identidade de seus cidadãos podemos parar para repensar, pois estamos diante do desmoronamento pós-moderno do conceito de subjetividade, adiantados em séculos e adiando faz séculos uma nítida emancipação à exemplo de uma pacificação.
Os conceitos discursivos sobre identidade, tanto quanto os de identidade nacional, são abalados nas exigências prematuras de sermos um centro do mercado globalizado mesmo antes do descobrimento: nos Tratados de 1493 e de Tordesilhas (1494[1]). Do momento em que se dividiam as terras ultramarinas entre os reinos de Portugal e Espanha até a abertura dos portos às nações amigas, que colocou os portos do Rio de Janeiro e Salvador como “elo de união entre o comércio dessas grandes regiões do globo” (Gomes, 2007, p.154), passando pelo consensual instrumento de linguagem: a Língua Portuguesa ou seria Brasileira? Brasiliense? Brasiliana?
Desde os vários nascimentos, re-nascimentos: colônia, império-monárquico, república e país, etc., andamos muito à frente e muito atrás de todos os conceitos. Desde as carroças aos aviões a jato, conceitos simultaneamente não excludentes, mas de sujeitos e subjetividades sempre excluídas: pobres, negros escravos, alforriados e negros livres, donos de outros negros, seus escravos, mulatos, pardos, cafuzos, caboclos, etc., quase todos. Tudo pode conviver continental e simultaneamente neste continente de saberes ou conhecimentos acientíficos.
Reis (2000) afirma, novamente nos convidando para refletir:
A sociedade não está dominada pelo passado, pela tradição, não está submetida a determinismos de nenhuma espécie e não está, portanto, condenada a repeti-lo, a continuá-lo. Mas o passado não se abole com um golpe de ficção. Não se muda só porque se "quer mudar". A mudança é um esforço, um trabalho penoso, uma construção difícil, tensa. A tradição resiste ao novo – há uma luta de vida ou morte entre os homens do passado e os homens do futuro. O ritmo da mudança brasileira é lento, secular. (. . .) A libertação da dominação luso-brasileira tradicional, a reaproximação do Estado com a sociedade, a criação de novas formas de convívio, com novos valores, o que é possível e realizável, e não uma utopia inalcançável, abrem o horizonte do Brasil à democracia. Olhando o Brasil assim, "as cores voltam ao seu perfil". A realidade luso-brasileira foi e é um horror, mas o Brasil não está condenado a ser sempre como foi.
Dentro da criação de outra prática de ser brasileiro temos heranças para novos conhecimentos e posicionamentos, até mesmo na multiplicação de termos referentes que nos remetam a uma superfície de linguagem como as dos diferentes portos culturais: abertura dos portos não somente às nações amigas, mas a “um terceiro espaço” [2] e novas criações e nações a tudo que aqui se planta.
Mestiços[3] e híbridos e nascidos para (e por) uma terceira via: fomos descobertos numa nova rota alternativa, talvez, “pacificadora” e inovadora[4] de ventos sempre e cada vez mais inexauríveis da modernidade tardia, líquida e, quiçá, democrática, não em palavras, mas em direito a ser conquistado e construído!
Terras férteis para um campo psicológico de conhecimento e convivências solidárias, mais pacificadoras, com maiores responsabilidades e chances de respeito às diferenças no vasto laboratório de multiplicidades montado aqui. Só que não enxergamos, nem vemos, ou sequer olhamos tão bem pela fresta de tão poucas valorizações dos elementos tradicionais do folclore, da música e pela riqueza das nossas manifestações culturais.
O eminente sociólogo Polonês, expatriado, identidade que lhe foi negada e tornada inacessível, Bauman (2005), convidado a soletrar sobre as questões da Identidade nos faz saltar desta convenção socialmente necessária às formas não estabelecidas dentro da “líquida” modernidade, tempo, medo, comunidade e vida. Para podermos testar as características pouco definidas do termo e conceito de identidade, o autor propõe seus pólos gêmeos impostos à existência social: opressão e libertação.
Talvez precisássemos pensar em uma nação brasileira em constante constituição, enormes marcadores histórico-político-sociais, mas sem definições ou fronteiras definidas, muito menos apropriações no terreno da geografia antropológica, psicológica, lingüística ou sociológica definitivas.
Esta pesquisa teve o propósito de refletir sobre as questões de imposição e imposturas na pretensão de uma identidade reafirmada através de dispositivos atrozes. Propõe outra direção que aponte para a abertura de uma terceira via até as Índias, em continuidade de outras possíveis efetivações histórica do ser brasileiro.
Referências Bibliográficas
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Bauman, Z. (2005). Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
Bernardes, A.G.; Hoenisch, J. C. D. (2003). Subjetividade e Identidades: possibilidades de interlocução da Psicologia Social com os Estudos Culturais. In: Guareschi, N. M.; Bruschi, M. E. (Org.). Psicologia Social nos Estudos Culturais: perspectivas e desafios para uma nova psicologia social. Petrópolis, RJ: Vozes.
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Gomes, L.. (2007). 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil.
Guareschi, N. M.; Bruschi, M. E. (Org.). (2003). Psicologia Social nos Estudos Culturais: perspectivas e desafios para uma nova psicologia social. Petrópolis: Vozes.
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Rémond, R. (1974). Introdução à História de Nosso Tempo: 1 o antigo regime e a revolução 1750-1815. Tradução de Frederico Pessoa de Barros. São Paulo: Cultrix.
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Tofler, A. e H. (1994). Guerra e Anti-Guerra: sobrevivência na aurora do terceiro milênio. Rio de Janeiro: Record.


[1]  Mocellin, 1987, p.34.
[2]  O Autor, Fonseca refere-se a um território conceitual.
[3]  Referência a Michel Serres em seu livro Filosofia Mestiça (1997, Nova Fronteira).
[4]  O tratado de Tordesilha promoveu a paz entre Espanha e Portugal. Mocellin, 1987, p. 34.

domingo, abril 11, 2010

PSICANÁLISE SILVESTRE

A Psicanálise Silvestre Se o relato da paciente ansiosa que procurou Freud fosse aceito, exatamente como foi aludido, tendo o jovem médico ignorado certo número de teorias e regras técnicas da psicanálise e cometido uma incompreensão e erro “científico”, poderíamos dizer houve a pratica da psicanálise silvestre. Assim como acontece com o jovem estudante que pratica com bastante constância, seus “joelhaços”, equívocos de reprodução e representações. Registrando que o material para a construção deste artigo não tornou possível permanecer limitado somente ao seu conteúdo e, ao buscar-se ir além, incorreu-se no perigo de cometer-se todos os atos necessários para caracterizar a falta de técnica da psicanálise silvestre.  Antidesenvolvimento Desde a fundação da Associação Psicanalítica Internacional e de que a psicanálise foi difundida, as idéias, alguns termos técnicos e algumas regras da técnica psicanalítica foram sendo apropriados e absorvidos pela cultura (principalmente a ocidental). Analisada, criticada, relida, re-visitada e revisada, não, necessariamente de forma isenta, investigativa ou ética, nem restrita aos seus associados, mas a todos os interessados, de diferentes áreas, simpatizantes ou não.
No meio acadêmico de psicologia pode-se observar o que ocorre no senso comum: comentários equivocados, representações subjetivas, opiniões pessoasis, ou descaracterizadas, daqueles que ainda não possuem uma visão ampla ou suficiente desprendimento isento e investigativo. Com o passar do tempo este desconhecimento pode ser eventualmente e suavemente substituídos pelo interesse e esforço em desfazer a maioria dos possíveis erros, equívocos e/ou incômodas incompreensões, clarificando o campo de ação associativa e produtiva. Mas quem estaria pronta a esta análise?
Refazer e deixar o mais evidente possível a trajetória contextualizada de Freud é sempre válido, estamos presos aos paradigmas, e eles nem sempre deixam perceber que o que acontece hoje não pode ser igual ao que acontecia na época em que ele estava vivo.
Alunos de psicologia que variável ou invariavelmente têm contato com as técnicas da psicanálise reproduzem constantemente equívocos similares ao do jovem, desconhecido e injustiçado médico do subúrbio que foi vinculado às colocações de Freud acerca da psicanálise silvestre. Bom que isto ocorresse no campo teórico e só nas fases mais iniciais e teóricas de estudos.
Cabe lembrar que vivemos em tempo de “liberdade” de conhecimento, qualquer um que tem acesso livre às teorias (às vezes, até a prática) não os tem aos critérios e a responsabilidade ética. O direito de apropriação ilegítima sendo preservados em prol desta pretensa “liberdade” só permite propagar erros e causar danos. O dito é tido como certo, por falta de crítica, critérios ou avaliação: é mais fácil crer que investigar. Iatrogênia, método ou remédio que mata o doente, é bobagem! Não são observados critérios para que se adote responsabilidade ética antes de danos e das tragédias.
Boa e completa leitura das obras de Freud, graduação e especializações são insuficientes, podem abastecer de falsidades a vinculação para divulgação imediata e mediada, via TV, paga pelos piores comerciais, mais caros e inimagináveis. É isto o que os novos tempos exigem: altas cifras em horário nobre.
Já em sua época Freud asseverava para importância do aumento de legitimidade nas terapêuticas: “o empobrecimento do ego devido ao grande dispêndio de energia, na repressão, exigido de cada indivíduo pela civilização, pode ser uma das principais causas desse estado de coisas.” (As Perspectivas Futuras da Terapêutica Psicanalítica). Da mesma forma que os lugares legítimos ficam vagos existe perfeita banalização de tudo. As técnicas e teorias são vendidas como produto “kit” serializado, onde somos “obrigados a engolir” idéias equivocadas como: o “Macarrão é vendido como objeto de desejo (...). Massas comuns perdem espaço no mercado brasileiro”.
Uma séria resistência (coletiva e induzida) não nos permite analisar profundamente nosso tempo, cultura, consumo, produção de lixo, sociedade e legitimidade. Será que negamos tornar-nos adultos saudáveis tal qual propõe as perspectivas? Não atravessamos com êxito a construção de nossos superegos? Estaremos tão doentes que não suportamos qualquer tipo de tratamento ao ponto de negarmos perspectivas futuras?
Meu “joelhaço” fixa a fala na tolerância ao hiperconsumismo desenfreado, na produção de montanhas de lixos e ao isolamento individualista e lucrativo. Como se nossa mais bela obra de arte permitisse jogarmos bombas, ou aviões uns nos outros enquanto disfarçamos cantando o “Jingle” da última campanha da paz chamada “civilização, eu me amo”!
O Joelhaço Quando nascemos, nominados e “esperados”, nosso ambiente nos impõe, determina e manipula as variações mínimas e os limites daquilo que será ou não aceito. A punição ao que escape deste determinismo é a Exclusão! Semelhante a Dom Quixote, cavaleiro errante, esquizofrênico, apontado pelo discurso médico, social, econômico e cultural. O reforço se faz através do nosso vital e necessário Pertencimento!
            Através daquilo que é chamado desenvolvimento humano, vamos comprando e vendendo, sem limites de idade, a modelagem única. Modelagem que garante ao doente pertencimento ao “Kit” neurótico, rico e de alto Q.I. e, é aí, que a psicanálise não tem autoridade e autorização para o avanço, pois andamos em círculos. Nossa submissão humilhante ao método único é garantida em prol da “santa normalidade” científica e globalizada. Enquanto vamos fingindo nosso padecimento e pertencimento, vamos dando “vivas” e “salvas” ao Grande Irmão (“Big Brother”, George Orwell) num “Admirável Mundo Novo” (Aldous Huxley) assumindo aos brados de: Viva a involução! Salve a natureza Humana!
            Enquanto isto o determinismo puro e a assimetria triunfam para seguirmos não analisáveis e eternamente compromissados como nosso modelo único de mundo e realidade paralisantes: paralisados, empobrecidos, de forma individual e coletiva. Autonomia, solidariedade ou evolução podem morrer, junto com muitos seres humanos, ao esbarrarem no limite da “linha de borda”. Pensar ultrapassar esta linha de fronteira é garantir o estigma de “cavaleiro errante”, louco.
Ou controlamos a loucura para não ultrapassar esta linha do conhecimento ou ultrapassamos a linha e as regras, comendo da árvore do conhecimento e sendo fatalmente excluídos do mundo consensual da realidade, engolidos pelo mar da loucura desconhecida e descontrolada. Fazemos as duas e tantas outras coisas...
            Dentro do “kit” adotamos uma psicanálise silvestre, das técnicas com menor tato e com inverdades consentidas, equívocos produzidos. Reproduzidos nossas resistências, doenças e “ciências” que garantem a não psicanálise, promovendo melhor a falta de análise e tratamentos.
Finais Para deixar nascer e crescer o lugar do tratamento dentro de nossa época e sociedade não podemos pensar que sofremos de uma espécie de ignorância e que a posse de informação nos fará remover esta ignorância, pois o fundamento desta, está na sua resistência interna: “A tarefa do tratamento está no combate a essas resistências”.
A psicanálise não dá esta “informação”, ela se apresenta quando o paciente está preparado a alcançar a proximidade do que ele reprimiu e quando tem uma ligação suficiente com o intermediário, ou seja, com a própria psicanálise e com o outro. Esta ligação suficiente não autoriza o psicanalista assumir posturas e o suposto saberes, pois isto é o próprio sinal/sintoma de ligação insuficiente, carregada de pouquíssimo sacrifício de tempo e sucesso na aquisição das técnicas necessárias. Esta é a ligação insuficiente entre os pacientes, ou interessados no método e resultados (a sociedade) e os psicanalistas (psicanálise).
            Somente “forço as portas” e a atenção para possíveis causas de nossos distúrbios coletivos, propondo tentar melhores formas e evitar dano as convivências. Creio estarmos necessitados de analises profundas, de repensar nosso envolvimento real como pessoas e como sociedade (seu produto), mesmo que já tenhamos passado do ponto retorno.
Vale mais dar outra volta novamente que permanecermos estagnados e não andarmos. Ou nosso ego não suporta o desafio de crescermos para uma realidade mais humana?!

            Obras consultadas: STRACHEY, James. Edição Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996 - volume VII (1904, p. 257/262); volume XI (1910, p.127/136); volume XII (1912, p. 149/159 e  164/187); volume XIII (1914, p. 241/247).

terça-feira, abril 06, 2010

sábado, março 13, 2010

xixiixix

ai que dó

Psicanálise e AstroLogia

SIGMUND FREUD

         Os conceitos fundamentais da perspectiva freudiana apresenta numerosas correspondências com as noções astrológicas básicas.
            Para Freud, a realidade individual pode dividir-se em três zonas superpostas: o id, que envolve o conjunto de processos inconscientes; o ego, a instância psíquica cuja atividade consciente tende à realização simultânea, ao mesmo tempo, das exigências do id, e dos imperativos opostos do superego; por fim, o superego, instância de censura, resultante da identificação da criança com seus pais ou educadores, que visa criar uma imagem ideal, rígida, coerciva, da qual o ego sofre a permanente oposição. Daí violentos conflitos com o id e as pulsões instintivas.
            No plano astrológico,                               essa estrutura encontra-se no nível dos pontos cardeais: o id,                                       parte mais íntima do ser, e também a mais obscura, relaciona-se                                         com  o Fundo do Céu; o superego, que marca um projeto                                                                                          de sublimação e de transcendência,                                                 corresponde ao Meio do Céu; o horizonte                                                          Ascendente-descendente (comportamento, relação com os outro, que representa bastante bem o ego freudiano, em toda a sua complexidade.
            Com relação aos planetas, o id está ligado incontestavelmente à lua (universo indiferenciado, vegetativo, infantil, dependência, pulsões inconscientes, imaginário incontrolado); o ego, princípio da consciência e de atividade, aproxima-se do simbolismo solar; enquanto o superego, que é ao mesmo tempo elemento de ordem, autoridade, hierarquia, censura e inibição, pode ligar-se à dupla influência complementar de Júpiter e Saturno.
Na evolução da criança, Freud distingue três períodos característicos: a fase oral, a fase anal e a fase genital, que representa a maturidade, o cumprimento de um desenvolvimento realizado. Astrologicamente, as duas primeiras fases correspondem ao eixo Touro-Escorpião (o sol e o ascendente de Freud; Touro = boca, garganta, absorção; Escorpião = sexo, ânus, excreção, eliminação). Esse eixo é essencial: liga-se à dupla pulsão de apropriação e rejeição, de onde procede uma dupla tendência criativa-destrutiva, que se aplica ao mesmo tempo ao mundo e à própria pessoa.
Essas considerações esclarecem dois conceitos-chave do freudismo: Eros e Tanatos – instinto de vida e criação, instinto de morte e de destruição. Eros designa o conteúdo da libido, isto é, o amor no sentido amplo e sintético – energia que emana da sexualidade, associando ternura e sensualidade, prazer e genitalidade. É o instinto “que busca reunir as partes da substância viva, manter a coesão” (Freud, Essai de psychanalyse). Tanatos aparência então como uma reação de recusa do ego formado que exclui tudo o que pode contrariá-lo ou colocá-lo em perigo, opondo-se em seguida à sua própria metamorfose, o que o leva paradoxalmente a uma  situação congelada, sinônimo de autodestruição e morte. Astrologicamente, a analogia é bastante evidente entre Eros e Vênus de touro, planeta do prazer, do desejo de fusão e de efusão, da abertura, da receptividade, da sedução. As correspondências com Tanatos são um pouco mais sutis. Enquanto planeta regente de Áries, Marte é sinônimo de virilidade conquistadora e de poder belicoso. Seus atributos derivam, antes, do instinto de vida – a busca do espaço vital. Mas Marte está ligado igualmente a Escorpião (mesmo que o signo hoje seja atribuído a Plutão). Esse Escorpião marciano e plutônico desenvolve uma defesa e uma agressividade que resultam às vezes  em um autobloqueio mortal. Vê-se aqui o trabalho de forças de destruição e de autodestruição indispensável a toda a renovação.
(No tema natal, nota-se a importância do eixo Touro-Escorpião: eixo da sexualidade, representa igualmente as funções orais e anais. Sol em Touro, ascendente Escorpião, 06 de maio de 1856, Freiberg Morávia).

AstroLogia

Não é uma ciência, não é necessário acreditar, mas conhecer a linguagem. Requer tempo e desejo...

“A astrologia não pode fazer escolhas de um homem por ele, mais do que um mapa rodoviário, por sua própria vontade, pode escolher se alguém quer ou não fazer uma viagem”.                                                                                                                 Liz Greene apud Rudhyar.

INTRODUÇÃO    O primeiro ensejo desta pesquisa bibliográfica era, em linhas básicas, colocar o que representa a Astrologia, o que não será verificado, como veremos adiante, visto que manteria tal material longe de uma pesquisa científica, pois os propósitos do título, polêmico e a-científico, a astrologia, não se propõe a representar um conhecimento das ciências empíricas, no máximo ficaria no mesmo patamar da sua parente mais próxima, a psicologia. Mas, talvez por causa do período solar em que houve a primeira respiração desta pesquisa, sua essência, influenciada pela emanações taurinas, materialistas e geminianas, racionalistas, impulsionaram e conduziram-na para “águas” mais distantes para ser guardando um espírito mais científico.


Começando com a vida astrológica fragmentada dos tempos atuais (falsetes, adulterações e perversões), que na tentativa de suprir as necessidades coletivas de hoje se deixa fantasiar pelo senso comum, se é que isto seja possível, já que em essência, ela não poderá nunca tornar-se este novo paliativo, melhor fosse, então, que trocasse de nome.

Mais adiante são colocados os novos termos e paradigmas da modernidade, uma nova visão da natureza externa e os campos de pesquisa sobre os seres humanos, que solicitam uma revisão do que são, ou não são, os propósitos para uma astrologia atualizada e colocada no âmbito do pensamento matemático que fornece a forma do conhecimento da astrologia como “álgebra da vida” e não como/porque uma ciência empírica, com conhecimentos organizados da/pela matemática através dos processos de indução científica que formam a base do conhecimento exato.

Fechamos a pesquisa com uma possível hipótese de irmandade entre a astrologia e a psicologia, que supõe-se benéfico para ambas, a não ser pelo fato de que a primeira não se propõe ao “status” de ciência e possui uma “imagem” hermética, mas em muito contribuiria a algumas lacunas na psicologia, que por sua vez já desgasta-se muito em sua diversidade, o que, então, consistiria material para outra pesquisa.

Anexo, para pequena ilustração, vai descrito um BREVE HISTÓRICO e um paralelo DA PSICANÁLISE FREUDIANA E A ASTROLOGIA.


1 . ADULTERAÇÕES E PERVERSÕES

quinta-feira, março 04, 2010

1 perfil 1

Sou Graciliana, como Graciliano: sou uma catadora de ninharias, uma detalhista de inutilidades, um ente mesquinho, numa maneira (uma poeira) muito própria de referir-me a mim mesma. Uma pobre diaba, uma parva, e meus principais personagens não diferem desta cruel imagem na qual me reconheço (a escritora).
“É ao Outro que falo quando PRETENDO dizer do outro que JÁ FUI;
é o Outro que encontro quando PRETENDO apreender nas palavras do outro AQUELE QUE EM MIM SE PERDEU. O Outro do texto opera silenciosamente sobre o definido formato das imagens que me compõem, desforma-os, informa-os, reforma-os; este diálogo opera desde as sombras, mas de forma vigorosa e eficaz. QUANDO O SUJEITO E O OUTRO SE ENCONTRAM PRODUZ-SE UM EFEITO DE VERDADE, a partir disto certas coisas se tornam dizíveis, pensáveis, transmissíveis, utilizáveis...”
“Escrevo porque não quero as palavras que encontro: por subtração”
“não é a pessoa do outro o que necessito, É O ESPAÇO...”
...“escrevo para não ficar louco”. (Barthes)
Já Eu, euzinha, escrevo justamente para poder enlouquecer...
Justamente enlouqueço e escrevo, esqueço... Enquanto isto, subo e desço...

domingo, outubro 11, 2009

O que escrevo se deve a Admiração à NIETZSCHE E SUA RECUSA A TODA NOÇÃO DE VERDADE.

Dentro deste tema fico penso nO QUE SIGNIFICA RESISTIR?
TER RESIStÊNCIA?
A VERDADE pode TER o SIGNIFCADO DE MORTE se QUEM SABE A VERDADE NÃO BUSCA MAIS NADA.
QUEM NÃO BUSCA NADA VAI VIVENDO a VERDADE DE NADA SABER, vai SUPORTAndo ESTE SABER NADA(R)... um outro território desenhado e desejado.

Li [em uma história em Quadrinhos que se chama “Viagem a Tulum” de Frederico Fellini e Milo Manara]
uma frase que me inspira a algum tempo, mais ou menos assiM:
É a curiosidade me desperta pela manhã (Fellini)

Lembro-me de uma grande viagem que dei nascimento dentro de um semestre na formação de psicologia, em agosto de 2005: em minhas metáforas sentei na janela do semestre e me permiti olhar a paisagem através das janelas que eu pudesse alcançar. Passei a descrever em meus registros, aquilo que chamei de DIÁRIO DE BORDO.
Inspirada por um livro que se apresentou e me leu de forma incentivadora imprimi alguma forma de poesia naquilo que eu já estava chamando de “PÉSSIMA VIAGEM”: adentrei UM OUTRO TERRITÓRIO (de Renato Ortiz), ali dentro do semestre.
Este livro, que digo que me leu, é um Ensaio sobre a Mundialização (editora olhod’água) e foi escrito a partir de um programa de apoio de Mestrado em Sociologia. O autor usava termos como: VIAJANTE, VIAGEM, TRANSFORMAÇÃO ESPACIAL e acabou criando um clima de “BOA VIAGEM” às necessárias transformações que engendrei em meus estudos.
Estas partes do livro descreviam como eu sentia como viajante acadêmica:
“uma viagem se prepara [...] ela requer um conhecimento anterior ao seu itinerário [...] ele se movia, os lugares permaneciam fixos, girando em suas órbitas. Era esta descontinuidade espacial que conferia interesse e sabor a seus relatos. O viajante trazia novas informações para os que permaneciam imóveis em seus ‘paeses’ [...] A aventura é essencialmente um acontecimento extraterritorial, um deslocamento no espaço [...] se realiza no terreno distante da vida ordinária [...] experiência de um outro tipo de realidade. [...] A quebra de fronteiras não significa o seu fim, mas o desenho de novos territórios e limites. [...] As dificuldades de comunicação são concretas, como a incompreensão da língua. Porém, [...] ele dispõe de auxílio de um conjunto de experiências [...] que lhe permite passear sem maiores constrangimentos” (países, grifo nosso, de várias páginas).
Foi a partir desta viagem que vislumbrei, pela minha janela, a possibilidades de novos desenhos psíquicos: UM OUTRO TERRITÓRIO PSICOLÓGICO possível!
Estas novidades extraterritoriais inauguraram o meu encontro e a compreensão do OUTRO emocional. Fiz todos os esforços necessários e imposto ao suposto sujeito acadêmico e observador. Esforços conscientes e inconscientes, que dependeram mais da minha boa vontade e desejo de compreender e sintonizar (EMOÇÃO DE VIAJANTE) a pessoa observada! Esforços muito maiores do que qualquer outra lógica ou método. O que foi possível observar foi que devia sempre tratar e ser tratado como um outro sujeito e não uma mera observação. Não um objeto de estudo, mas um sujeito do estudo, complexo, frágil e humano, sempre demasiado HUMANO.

A QUE/QUAL A NOÇÃO DE VERDADE QUE RESISTIMOS? A verdade da dor? Da morte? Do tamanho da angústia que sentimos?
E para onde fugimos? Com que remédios? Qual fuga escolhemos?

Como diria um outro, amigo SKoober, “Não serão todas estas notas as contorções sem sentido de um homem que não quer aceitar o fato de que nada há a fazer quanto ao sofrimento, a não ser sofrê-lo?” Blog Palavra Aguda de Alexandre Magno http://palavraguda.wordpress.com/

sábado, setembro 26, 2009

Nona Feira do Livro Torres-RS

Tablado AndaluZ...
http://www.telenewstorres.com/
vale a pena conferir...


desculpe-me Skoober'S esqueci de postar antecipadamente...

terça-feira, setembro 15, 2009

Henry David Thoreau

http://pt.wikipedia.org/wiki/Thoreau

O desobediência de algum nada servil...


Segundo suas próprias palavras, ele foi morar na floresta porque queria “viver deliberadamente”. Queria se “defrontar apenas com os fatos essenciais da existência, em vez de descobrir, à hora da morte, que não tinha vivido”. Em seu período na floresta, ele queria “expulsar o que não fosse vida”.

Baseado no relato e em todo o pensamento filosófico empreendido nos dois anos em que morou na floresta, Thoreau escreveu “Walden ou A vida nos bosques”, uma obra que se tornaria um referencial para a Ecologia e um de seus livros mais famosos. Além de descrever sua estadia na floresta, "Walden" analisa e condena a sociedade capitalista da época. E, convida a uma reflexão sobre um modo de vida simples, propondo novos olhares sobre o conceito de liberdade.

“Fui para os bosques viver de livre vontade,
Para sugar todo o tutano da vida…
Para aniquilar tudo o que não era vida,
E para, quando morrer, não descobrir que não vivi!”



[editar] A Desobediência Civil
Insubmisso, Thoreau decidira não pagar impostos porque acreditava ser errado dar dinheiro aos EUA, um país escravocrata e em guerra contra o México. Não querendo financiar nem a escravidão e nem a guerra, Thoreau foi preso em um de seus periódicos passeios pela cidade, quando saía da floresta para rever os amigos.

A tia de Thoreau pagou a fiança e ele foi solto na manhã do dia seguinte. Inspirado pela noite na prisão, Thoreau escreveu o famoso A Desobediência Civil. Leon Tolstói, um dos mais famosos escritores do mundo venerava este ensaio e o recomendou, por carta, a um jovem indiano preso na África do Sul. Este jovem indiano era Mahatma Gandhi.


[editar] Fim da vida
Thoreau, que havia saído das florestas a pedido do proprietário do lugar, passou o resto de sua vida empreendendo grandes passeios às florestas e aos campos e também escrevendo muito. Ele acabaria morrendo em 1862 de tuberculose.

A casa que construiu no lago Walden, hoje é um museu que possui uma estátua sua na entrada. A floresta em volta do lago virou área de preservação ambiental. É considerado um dos grandes escritores norte-americanos.